Arte digital explode e comércio de NFT deve dobrar em 2022

Você compraria ou até mesmo venderia uma arte digital? A tecnologia dos “token não fungível” (NFT) já existe há anos, porém, somente em 2021 esse mercado se popularizou à medida que as vendas de obras de arte em forma de NFT viraram manchetes ao redor do mundo. A indústria da arte reagiu e teve de lidar com o surgimento repentino de um novo movimento artístico.

Segundo dados da startup DappRadar, que levanta transações negociadas em plataformas de blockchain, o valor total das vendas de NFT no ano passado foi de U$ 23 bilhões, mais de R$ 128 bilhões. Ainda conforme o levantamento, o volume de vendas em 2020 foi de apenas U$ 100 milhões.

As NFTs tiveram em evidência durante a CES – Consumer Electronics Show 2022, maior feira de tecnologia e eletrônicos de consumo do mundo, realizada na semana passada, em Las Vegas. A analista de vice-presidente do Gartner, Avivah Litan, acredita que a adoção de NFTs fará com que interfaces de usuário e experiências baseadas em blockchain melhorem drasticamente.

“O comércio de NFT pelo menos dobrará em 2022, e a tecnologia vai facilitar a compra e venda de algo que pode ser feito do sofá de casa. Com esses tipos de recursos em mente, agora também veremos a implementação acelerada de serviços circundantes que facilitam a integração dos consumidores ao blockchain para que possam comprar e negociar NFTs”, disse Litan.

Quem já está ganhando?

À frente dessa revolução NFT estão os artistas: os pioneiros que lideraram o hype dos NFTs e os inovadores que experimentaram essa nova tecnologia, ultrapassando os limites do que significa a criação de arte como ativos desenvolvidos em blockchain.

Não importa o tipo de arte que você faz. Todo o tipo de arte pode ser vendido como NFT. Isso significa que você pode fazer tiragens limitadas de desenhos, animações, fotos, arte contemporânea, poema, textos, música, etc.

A NFT mais cara da história vendida a um único comprador foi a obra “Everydays: The First 5,000 Days”, feita pelo artista Mike Winkelmann, conhecido como Beeple: foi vendida por U$ 69,3 milhões em março de 2021. A venda instantaneamente o tornou em um dos artistas vivos mais valiosos do mundo, fazendo ele (e seus NFTs) altamente conhecidos no mundo cripto e de arte.

Em agosto de 2021, um garoto de 12 anos do Reino Unido ganhou o equivalente a 2 milhões de reais com a venda de uma série de obras de arte pixeladas chamadas “Weird Whales”. Esse tipo de obra não precisa mais estar presente em galerias de arte para se valorizar ou ser leiloada. Além disso, qualquer obra de arte digital pode virar um token para gerar um certificado digital de propriedade, que pode ser comprado e vendido.

O conceito

Segundo o dicionário inglês Collin, “NFT” foi a palavra do ano de 2021. O Google registrou aumento de interesse sobre o termo a partir de março de 2021, mas o pico de buscas ocorreu em agosto. Os NFTs podem realmente ser qualquer coisa digital, mas muito do conceito está em torno da arte digital. Eles podem representar virtualmente qualquer tipo de item, seja ele real ou intangível, incluindo: trabalhos artísticos; itens virtuais dentro de videogames, como skins, moedas digitais, armas e avatares, música, colecionáveis, como cards digitais, vídeos de momentos icônicos do esporte, etc.

Esse é o conceito por trás de NFTs: eles são como um tipo de assinatura digital que transforma qualquer tipo de mídia digital — um GIF ou JPEG, fotos, vídeos, mensagens, arquivos de áudio etc. — em um bem não-fungível.

Os NFTs são projetados para dar ao artista algo que não pode ser copiado: propriedade da obra (embora o artista ainda possa reter os direitos autorais e de reprodução da obra física). Para simplificar, qualquer um pode comprar uma gravura da Monalisa, mas apenas uma pessoa pode possuir o original.

Como funcionam os NFTs?

NFTs não são criptomoedas, como o bitcoin, por exemplo. Apesar disso, os dois usam a mesma tecnologia, chamada blockchain.

O sistema permite rastrear o envio e o recebimento de informações pela internet. Resumidamente, ele funciona como frações de um código on-line que carregam a informação principal, como um bloco de dados em uma corrente. Daí a origem do nome em inglês.

No Brasil, ainda não existe jurisprudência sobre os NFTs, mas juristas afirmam que eles podem ser considerados um bem infungível, indivisível, comercializável e particular. Por isso, as transações de compra, venda ou doações devem seguir as orientações previstas pelo Código Civil para bens dessa espécie.